Embarque a céu aberto

Mariah da Silveira Valladão Pastana

Graduanda em Desenho Industrial pela UFF.

Foi intercambista na Universidade da Beira Interior (Portugal) em 2020.

Embarcar em um processo seletivo para uma possível mobilidade acadêmica pode ser assustador. É assustador. Ao mesmo tempo que somos preenchidos de esperança e excitação para realizar um sonho, detemos também dúvidas e receios como cobranças, documentação, viver em outro país…, mas se me perguntarem se eu faria tudo novamente, não hesitaria um segundo em dizer que sim. Passaria por cada processo, cada perrengue, cada nervosismo… Eu diria mil vezes sim para a oportunidade de poder viver novamente a experiência que de longe mais me enriqueceu profissionalmente e pessoalmente.

O processo até cair a ficha de que você realmente vai embarcar nessa jornada é um pouco longo. Primeiro vêm as fases de candidatura e espera de resultados que parecem durar mais que uma vida, quando se trata de um estudante ansioso à espera de uma conquista como essa. No meu caso, tive o privilégio e a sorte de poder contar, em todas as etapas, com minha melhor amiga que também aguardava seu resultado. Tudo havia sido perfeitamente calculado: escolheríamos o mesmo país, porém, instituições diferentes para que tivéssemos a chance de irmos no mesmo período. Compartilhávamos esse sonho desde o primeiro semestre do nosso curso de Desenho Industrial, o que me retorna para 2017 quando nos conhecemos e começamos a sonhar.

Lembro-me do fim de tarde que recebi sua ligação. Àquela altura, no meio das férias, eu já não me recordava das datas e horários. Caminhava tranquilamente pelas ruas do centro, quando atendi a ligação que mudaria tudo dali para frente: havíamos sido selecionadas. Por mais que tivéssemos planejado e falado sobre esse momento inúmeras vezes nos últimos anos, jamais seria possível prever o misto de sentimentos que aquele momento resultou. Sabendo que aquela era apenas a primeira etapa de outras que deveríamos passar até receber a carta de aceite, optamos por manter a informação em segredo compartilhando a notícia apenas com a família.

Ao longo dos meses, fomos em busca das documentações necessárias e atrás do máximo de informações que pudéssemos coletar sobre o país de destino, Portugal. Cada nova descoberta nos fazia sentir como crianças descobrindo um mundo novo. E era exatamente isso que explorávamos, um mundo novo. Nos unimos e nos comprometemos em ajudar uma à outra durante toda a jornada. E assim foi. Tiramos passaportes, procuramos casas, autenticamos documentos, madrugamos para pegar o documento de seguro saúde, e por fim, como se o destino nos parabenizasse, estávamos juntas no momento do recebimento da carta de aceite.

Os momentos finais pré-viagem foram preenchidos pela adrenalina de aguardar o visto de residência temporária chegar dentro do prazo. A essa altura, já me encontrava apaixonada pela minha futura instituição e pela cidade que seria meu lar pelos próximos seis meses. Embora sentisse em meu coração que tudo já havia dado certo, ainda era preciso essa confirmação que chegou em alguns dias depois.

A Universidade da Beira Interior, a instituição que escolhi para cursar Design de Moda no ano de 2020, foi uma grande aliada durante o período “cinzento” de incertezas em relação à mudança para uma cidade até então que eu desconhecia. O programa que a Europa oferece, o Erasmus, contribuiu bastante durante o processo de busca de moradia e acolhimento me oferecendo um buddy, que é um estudante local que nos auxilia com retirada de dúvidas e nos recebe na cidade e na instituição. Felizmente, eu tive um buddy incrível que me ajudou bastante com os últimos detalhes antes de embarcar nessa aventura.

Dia 3 de fevereiro de 2020. Malas prontas, ansiedade a mil e eu não via a hora de entrar em um avião pela primeira vez. Por um conflito de datas no calendário escolar da minha instituição e da minha amiga, não foi possível embarcarmos juntas, o que não nos impediu de manter uma a outra atualizada e participativa de todas as etapas. Antes de me despedir da família, fui aconselhada a aproveitar todas as oportunidades que essa viagem me daria. Fui abençoada e alertada que a hora da decolagem poderia assustar um pouco, o que parando para observar agora, é engraçado porque o friozinho na barriga que esse momento proporcionou foi maravilhoso e deu o start que eu esperava.

Com uma conexão no Porto, a viagem se manteve tranquila e não tive o que reclamar. Nem mesmo a companheira de assento ameaçando não desligar o telefone por achar “bobeira” pôde tirar meu ânimo de estar cada vez mais próxima do meu destino final. Primeira parada: Lisboa. Uma cidade sem dúvida encantadora. Ao mesmo tempo bastante familiar pelas construções, mas tão diferente com aquela imensidão de pessoas.

Passei um pouco mais de 24 horas na cidade antes de me encaminhar para a Covilhã, onde de fato eu iria morar. Andei pela cidade até mais do que os meus pés aguentarem. Fazia frio. Embora fosse fim do inverno, ventava como eu jamais havia sentido. E era bom. Era uma sensação nova, um vento novo, em um lugar totalmente novo. Parecia um sonho. Era um sonho. Mais que isso, era o sonho se tornando real. Era o sonho palpável que desde criança eu almejava.

Desde muito nova, eu sempre tive alguns objetivos bem concretos na minha vida: ser uma grande estilista, estudar moda na Europa e visitar a Torre Eiffel. Embora eu acredite fielmente que todas as coisas acontecem porque precisam acontecer e no momento que precisam acontecer, sempre fui muito determinada em ir atrás do que eu queria. E todos os dias da minha vida foram dedicados a esses momentos através de esforços e estudos. Eu sabia que todas as noites sem dormir, empenhada a cada vez mais dar o meu melhor seriam compensadas. E eu estava certa.

Lisboa possui uma das ruas mais famosas da Europa graças às vitrines de luxo que estampam a cidade. Nem eu mesma estava preparada para a magnitude que era estar frente a frente de lojas de designers que sempre admirei. Com a noite surgindo, as lojas se iluminavam e em pleno fevereiro parecia Natal. As pessoas vestiam seus trajes de frios e eram naturalmente elegantes. Era impossível estar ali e não ser atingido pelo desejo de permanecer eternamente naquele pequeno momento, mas havia muito mais para se explorar e foi exatamente o que tratei de fazer nos seis meses que se sucederam.

A Covilhã, que fica em Castelo Branco, se situa em um dos pontos mais altos de Portugal o que quer dizer: frio intenso ou calor intenso. Para uma pessoa acostumada com os 40º do Rio de Janeiro, imagine como foi chegar e se deparar com 8º graus em pleno meio-dia. O Sol parecia ser apenas um enfeite no céu e ali eu tive uma certeza: eu amava o frio. Mesmo não estando com casacos suficientes e tremendo à espera do táxi, eu sabia. Eu amava aquela sensação.

Sendo a primeira vez que iria morar sozinha, junto dos meus pais foi decidido escolher uma das melhores casas que a cidade possuía. E eu fiquei muito agradecida por chegar nela e ela ser melhor ainda do que eu imaginava. Por se tratar de uma cidade universitária, a maior parte dos moradores eram estudantes de todas as partes do mundo. Especificamente na minha residência, além de alguns portugueses eu tive o privilégio de conviver com brasileiros, que diferente de mim, estavam lá para cursar a graduação inteira na UBI. Com muito carinho e risadas eu fui extremamente bem acolhida por eles e pelo buddy que já me aguardava para mostrar a cidade e a universidade. A casa ficava um pouco mais afastada do polo principal, onde seriam minhas aulas, o que tornou ainda mais agradável a experiência, possibilitando de explorar diversos caminhos. A cidade é encantadora e possui uma atmosfera tão tranquila que acredito que seja impossível se estressar permanecendo nela.

Com ruas inclinadas e estreitas, andar por ali também se tornava uma aventura quando era preciso disputar o espaço com os carros. Era engraçado ver as pessoas se juntarem nas paredes feito lagartixas para não serem atropeladas e em poucos momentos eu me tornava igual a elas. A arquitetura das casas e dos monumentos faziam parecer que me encontrava em um museu a céu aberto. Os pólos na universidade tinham também seu charme único.

Ao informar que havia chegado para dar início aos estudos, fui recebida por um kit de boas-vindas incrível, que de tão apaixonada sai fotografando e enviando para todo mundo. Com toda essa alegria de estar ali finalmente e as descobertas que eram inúmeras a cada minuto, não havia espaço para as saudades de casa e aceitar isso no início foi um pouco triste. Havia um pouco de culpa. Foi então que eu acho que se iniciou o processo da aceitação do novo, de entender que a vida segue em frente e embora haja amor, não sentimos saudade 100% do tempo, e que assim como eu me encantava cada vez mais com a experiência e me alegrava de estar ali podendo desfrutar dela, do lado de cá do oceano minha família também se adequava com a minha falta e se alegravam pela minha conquista.

Todas as notinhas de compras foram guardadas na gaveta da mesinha de cabeceira. Eu sabia que quando o tempo passasse, de alguma forma elas me retomariam para o momento e me fariam sorrir. Aproveitei dos lugares desde as compras do supermercado até as limpezas que fazia no banheiro quando perdia o sono. Com os horários já ajustados, eu e minha amiga passamos a nos falar todos os dias por vídeo e realizar algumas atividades juntas, mesmo que a quilômetros de distância.

O grupo de estudantes do ESN, responsáveis pelo nosso acolhimento, realizaram uma semana de acolhimento e promoveram diversos eventos para que conhecêssemos outras pessoas antes do início das aulas. E, graças a esse evento, eu conheci pessoas incríveis que viriam a se tornar parceiros de aventuras e viagens. Costumo brincar com um desses amigos, que se tornou uma das pessoas mais especiais da minha vida, que foi preciso uma viagem ao exterior para nos conhecermos, mesmo que ambos estudássemos na UFF a uma rua de distância um do outro. A nossa conexão de cara foi incrível e nem imaginávamos a proporção que aquele dia poderia tomar. Mais que amigos, nos tornamos aliados e ombro para todos os momentos.

Mais que estudar, a experiência da mobilidade nos enriquece em diversos âmbitos e nos fornece momentos incríveis que jamais esqueceremos. Foram visitas a museus, passeios pela cidade, idas a bares e a boates com músicas ruins. Foram histórias e risadas que coloriram os dias cinzas quando o sol cismava em não aparecer. A mobilidade me forneceu o pôr do sol mais lindo do ponto mais alto de Portugal e o nascer do sol mais contagiante do ponto mais alto da Covilhã. Me forneceu a possibilidade de trocar ideias com pessoas que tiveram experiências totalmente diferentes e compartilhar desses momentos com elas. Me forneceu a possibilidade de ser livre, de ser eu mesma e ser acolhida ao mesmo tempo que me fez criar vínculos com novas pessoas e amizades antigas.

O início das aulas começou um pouco agitado. A essa altura, já se falava sobre uma disseminação maior do coronavírus, o que assustava pouco a pouco as pessoas. As primeiras aulas foram incríveis e cruciais para eu atestar que ali era realmente o meu lugar. As professoras do curso de Design de Moda eram extremamente competentes e tinham muito para compartilhar, e assim foi feito, mesmo depois do início da pandemia, onde tivemos que mudar para o sistema remoto.

Para um estudante da área de moda, a possibilidade de estar presente num desfile da Fashion Week é algo absurdamente incrível. A possibilidade de um aluno conseguir estar presente em um desfile da Fashion Week na Europa, era algo então inimaginável para mim que nem mesmo no Rio de Janeiro havia conseguido comparecer.

Poucas semanas antes do país entrar em lockdown, a coordenadora do curso conseguiu alguns convites para a Semana de Moda de Lisboa e nos informou por e-mail que quem estivesse interessado deveria entrar em contato com a mesma, o que fiz de imediato e acredito que automaticamente, visto que eu estava em êxtase e não acreditava no que estava acontecendo. E assim foi feito. De uma hora para outra, eu tinha uma viagem marcada de retorno para Lisboa e 14 convites para desfiles durante o fim de semana mais badalado da cidade. Mesmo não sabendo que aquela poderia ser a última viagem que eu realizaria durante o período de mobilidade, aproveitei ao máximo cada desfile, cada lembrancinha, cada inspiração que aquele local poderia me fornecer. E foi mágico. Estar no mesmo local que grandes nomes da indústria da moda e acompanhar tão de perto fez com que a criança que habita em mim se enchesse de esperança de que cada vez mais era possível chegar onde sonhava e estar ali, naquele ponto, tendo o meu próprio desfile algum dia.

Nas semanas seguintes, as coisas começaram a mudar drasticamente. As aulas foram suspensas, os comércios fecharam e as incertezas pairavam no ar. Mesmo com tudo isso, eu não conseguia desanimar. A situação era caótica, mas eu ainda era privilegiada de estar onde eu queria. A Páscoa foi diferente, a dois. Mas não foi menos divertida. O isolamento preventivo contribuiu para que num futuro próximo fosse possível retomar algumas atividades. As aulas se mantiveram on-line e os trabalhos também, mas embora não tivéssemos o contato físico com as pessoas e a instituição, ainda foi possível aprender muito e serei eternamente grata por todos os ensinamentos que adquiri. Por semanas, o mais próximo de encontro entre amigos era uma visita ao supermercado, cumprindo todas as normas de segurança. Mas era bom poder revê-los. Alguns estudantes optaram por voltar a seu país natal, mas para outros, ainda havia fé que as coisas melhorariam em algum momento.

Embora fosse um momento de dor para muitos, inclusive por estar longe da família, esse momento também serviu para fortalecer laços, mesmo que distante e ajudar no amadurecimento pessoal. A casa foi esvaziando e em alguns momentos era só eu. Foi uma experiência interessante ter apenas a minha própria companhia. E com isso, eu descobri que às vezes gostava de estar assim. Estar na Covilhã, em casa, mesmo que sozinha, me tranquilizava e me deixava em paz, não havia espaço para ansiedade. Acredito que esse momento para cada um teve algum efeito, mas não dá para negar que todos também aprenderam algo com isso.

Conforme o tempo passou, as medidas se tornaram mais flexíveis e as coisas pareciam estar melhores. As aulas continuaram remotas, mas já era possível fazer trabalhos em grupos. O que foi ótimo já que nesse período pude fazer outras novas amizades e me conectar com brasileiros de outras regiões do país. Mesmo na nossa bolha, era possível crescermos, aprender, compartilhar conhecimentos e nos divertir.

O mês de junho foi um mês de mudanças. Já podendo sair e visitar o país, junto de outros alunos, alugamos carros para conhecer um pouco mais de Portugal. Passamos por Viseu, Guarda, Monsanto, Santarém, Belmonte, Nazaré… e tantas outras pequenas cidades ao longo do caminho. Era incrível como cada uma delas tinham suas particularidades. Visitamos desde museus, igrejas até grandes catedrais e castelos. No auge do verão europeu, ainda garantimos um bronze enquanto explorávamos a cidade através de pequenas caminhadas e grandes trilhas. Com o fim das aulas e o início das férias de verão, nos preparávamos para continuar aproveitando a janela de flexibilização. As noites quentes se preencheram de estudantes se encontrando no Jardim Público para rir, conversar e dançar. Graças à segurança e tranquilidade da cidade, não era necessário nos apegarmos aos horários, o que resultava em inúmeras noites terminando ao som dos pássaros cantando com o nascer do sol. A essa altura, os amigos já eram amigos de outros amigos e assim a rede de conhecidos crescia mais e mais, o que tornava os passatempos cada vez mais divertidos.

Com os dias contatos para a volta ao Brasil, eu, meu novo melhor amigo da UFF e um casal de amigos decidimos por planejar uma viagem internacional e aproveitar as promoções das passagens. Por incrível que pareça, viajar pela Europa é extremamente barato e foi assim que planejamos um roteiro incrível e visitamos Lisboa, Paris, Milão e Roma. Como a vida do estudante nem sempre é fácil, para fazer algumas economias optamos por dormir no aeroporto e encarar viagens de ônibus além das viagens de avião.

Embora Paris seja conhecida por ser a cidade do amor, o mais próximo disso que cheguei foi a paixão à primeira vista pelo local. Os passeios se estenderam por todos os pontos possíveis abertos. Como planejado, e a fim de realizar o meu sonho, conheci a Torre Eiffel. Incrivelmente iluminada, foi uma das melhores sensações que já senti. Faltariam páginas para descrever o mix de sentimentos que aquele momento me proporcionou. A graça e os encantos às vezes estão nos pequenos momentos, quando você olha para o seu amigo e agradece internamente por aquilo que estão vivendo juntos. Nosso pequeno tour pela Europa se estendeu a mais dois pontos incríveis: Milão e Roma. Apesar da intensidade e correria, foi possível aproveitar bastante a culinária, a história, os pontos turísticos e a experiência de conversar em línguas jamais exploradas pelo grupo.
Roma, com uma história riquíssima, foi de longe a cidade que mais encantou. Despretensiosamente, junto do meu parceiro resolvemos explorá-la por conta própria e sem meios de transporte. Tendo os melhores gelatos do mundo, tive o privilégio de saborear um enquanto jogava uma moeda na Fontana di Trevi, e fazia meu pedido. Com todos os passeios e tentativas de falar o melhor italiano possível, colecionamos fotos e sorrisos pela maioria das ruas e monumentos históricos. Sendo cristã, ainda tive a oportunidade única de participar de uma missa celebrada na Basílica de São Pedro. Pude mais uma vez, agradecer a Deus por tudo o que eu havia conquistado, por todos os momentos, pela minha saúde principalmente, e pelas minhas famílias.
A volta para a Covilhã foi extremamente tranquila e a melhor parte era saber que seria recebida pela minha melhor amiga que se encontrava em minha casa para passarmos o último mês juntas. Era a minha vez de ser guia turística, e juntas, conhecemos mais a fundo as maravilhas da cidade e acumulamos mais momentos juntas enquanto nos divertíamos e nos aventurávamos. Desde festas, danças, receitas de pão de queijo até a adoção de um gato abandonado. Felizmente encontramos um dono maravilhoso e bondoso para o Nix, do contrário, provavelmente o teríamos trazido.

A última semana em Portugal foi marcada com saudade precoce e risadas. Deixar a cidade que se tornou o meu lar por seis meses foi um momento doloroso. Mesmo que soubesse que essa hora chegaria, nunca estamos prontos. Já nos víamos comentando sobre a família, sobre o Brasil, mas ainda não estávamos preparadas para voltar. E fomos para Lisboa. Passamos a última semana viajando e conhecendo bairros ao redor. Andamos de bondinho, tomamos sor- vete, fizemos compras e eternizamos inúmeros momentos através das fotografias e vídeos. Pouco a pouco o coração foi aceitando que era hora de partir, e aqueles sete últimos dias fortaleceram ainda mais nossa amizade e nossa ligação com o país.

No sétimo dia, fazia sol. As malas, prontas. A gente, prontas. Era hora de encerrar, por ora, a aventura. Sem amarras, sem arrependimentos, com muitos sorrisos e muita gratidão. Pouco a pouco começamos a almejar reencontrar a família. Despedimo-nos da cidade. Ou melhor, demos um até logo, que pela pandemia, acreditamos que seja um até logo um pouco mais longo, mas vai passar. Pelo vidro do carro, acompanhávamos as pessoas vivendo suas vidas cotidianas e nos alegrávamos de estar rumo a um novo capítulo.

De uma forma muito doida e engraçada, nossas famílias nos aguardavam juntas, de surpresa. Foi um misto de sentimentos. A alegria da chegada, a tristeza da partida, o medo do futuro, a saudade do que já havíamos vivido.

Das coisas da vida, de uma eu tenho certeza. Esse momento, de mobilidade acadêmica, foi crucial e fundamental para todo o meu desenvolvimento e sem dúvida mudou todo o meu destino. Mudou minha forma de ver o mundo, o mundo acadêmico e as pessoas. Mudou a forma de ver a mim mesma e me fez amar a pessoa que me tornei, e lutar dia após dia pela Mariah, que eu quero que continue crescendo e desenvolvendo.

Eu sou eternamente grata a todas as pessoas que participaram disso de alguma forma: professores, família e amigos. Eternamente grata pelo ano que entrei na Universidade Federal Fluminense e pela oportunidade que essa instituição incrível pôde proporcionar a mim, aos meus amigos, e a tantas outras pessoas. É um programa extremamente relevante que muda e molda a vida de diversos jovens adultos. Foi uma experiência que eu desejaria a todos se pudesse. É normal ter medo, é normal ficar confuso, ansioso. Porém, vale muito a pena e eu faria tudo novamente do mesmo jeito. Dê o primeiro passo e confie que as coisas vão ser boas. Torne as coisas boas. Chegar lá na frente e poder pensar “caramba, valeu a pena” têm um valor inestimável.

Skip to content