Ser um aluno estrangeiro na UFF: uma ponte, não uma barreira
Hans Musodi MbaduGraduando em Arquitetura e Urbanismo pela UFF, através do Programa de
Estudantes – Convênio de Graduação (PEC-G), originário da República Democrática do Congo.
Desde o nascimento, o recém-nascido precisa de cuidados amorosos, o que inclui afagos e o contato pele a pele. Instintivamente, os pais seguram o bebê no colo, abraçam, afagam e acalentam-no. O bebê, por sua vez, sente-se confiante e achegado a seus pais, reagindo à atenção recebida. O poder desse vínculo é tão forte que os pais farão quaisquer sacrifícios para cuidar do bebê ininterruptamente, se for preciso. Será que se eu pudesse escolher ficar um bebê para sempre, eu aceitaria essa condição? Talvez. Hoje, apesar de não ser mais um bebê, ainda preciso dos abraços amorosos dos meus pais. Percebi o grande poder do amor deles, ainda mais quando deixei meu país para vir estudar no Brasil. De repente, me virei cercado por pessoas de roupas, culturas e idiomas diferentes das minhas. Em resultado disso, eu tenho me destacado na multidão.
Alguns anos depois que virei maior de idade, eu queria muito estudar fora do meu país: A República Democrática do Congo. Nasci e cresci lá desde sempre, amo muito meu país e tenho um carinho especial pelo meu continente: África. Porém, em busca da maior oportunidade na vida a respeito dos estudos, decidi estudar Arquitetura e Urbanismo no Brasil e a universidade que me acolheu é a UFF (Universidade Federal Fluminense) que fica na cidade de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro. Cheguei ao Brasil no mês de janeiro de 2019 e ainda estou cursando a faculdade. Essa mobilidade internacional é incrível e me ajudou de forma significativa para o meu crescimento pessoal.
Primeiro, vim de um país cuja língua oficial não é portuguesa mas é o francês. Era minha maior dificuldade pois cheguei aqui sem saber nenhuma palavra em português. Por ser um aluno de um convênio, recebi aulas de Português durante seis meses na UFF a fim de conseguir o certificado de proficiência em língua portuguesa para estrangeiros e assim poder iniciar a faculdade com menos dificuldades linguísticas. Durante o ano da aprendizagem da língua, concordei bastante com o famoso ditado “É errando que se aprende”.
Uma experiência minha vivida no Brasil me fez chegar à conclusão que falhar realmente é preciso, faz parte da vida. Uma vez em casa, eu queria grelhar as batatas fritas e percebi que faltava óleo, assim re- solvi ir ao supermercado comprá-lo. Mas que pena quando descobri que saí sem internet e não fiz antes a tradução da palavra huile, óleo em português. E por tão incrível que pareça, eu não estava conseguindo achar as garrafas de óleo nas prateleiras do supermercado. Assim a única solução era perguntar para os empregadores daquele supermercado, então aqui está a pergunta que eu fiz: “Moça, por favor sabe me dizer onde estão as garrafas de água de batatas fritas?’’. Ela deu uma risada, mas depois entendeu que na verdade, eu estava procurando uma garrafa de óleo. Desde aquele dia, não posso mais esquecer o que é “óleo”, assim confirmo que errando que se aprende mesmo.
Bem, entre o medo de ser zoado e a forte vontade de aprender o mais rápido possível a língua para interagir com as pessoas, me dei conta que eu precisava engolir o sapo e me dedicar ainda mais nos estudos com minhas falhas e erros sabendo que com o passar do tempo me sairei bem e mais forte do que antes. Hoje apesar de não falar tanto quanto eu gostaria que fosse, consigo me comunicar bem com o povo brasileiro e demais lusófonos no mundo. É um prazer ter dado, além do francês, mais uma voz aos meus pensamentos: a língua portuguesa.
Além dos desafios linguísticos, tenho enfrentado um impacto na minha vida pessoal por ter vindo morar sozinho no Brasil. Por mais inacreditável que possa parecer, cheguei aqui sem nenhuma habilidade com tarefas de casa. Eu não sabia cozinhar, manter uma boa limpeza regularmente da casa, ou seja, fazer serviço de faxina, ser um dono de casa e lidar com as suas regras, adicionar no meu orçamento as compras de casa e assim por diante. Coisas que nem me importava tanto assim, quando morava com meus pais, começaram a ser o resultado dos esforços e de uma boa organização minha. No entanto, solicitei ajuda da minha mãe no Congo para me dar algumas dicas para conseguir cozinhar. Tinha assistido vídeo na internet, também, pelo canal YouTube, onde vi vários cozinheiros explicando o jeito de preparar muitas comidas que gosto. A respeito dos trabalhos domésticos, hoje é quase uma paixão. Amo a beleza e a beleza é muito ligada à pureza, assim eu me sinto bem quando estou em um lugar limpo ainda mais se for na minha casa. Por ser um aluno de um convênio que não me permite trabalhar, tenho recebido a cada mês o dinheiro dos meus pais para o meu sustento. Porém, cresci muito no sentido da responsabilidade pois não gasto meu dinheiro de qualquer jeito. Tenho um aluguel a pagar, despesas de casa, minha alimentação, etc. Então preciso ser bem organizado com o meu orçamento e usar com sabedoria o que recebo. Tendo isso em mente, querendo ou não, estou amadurecendo e posso afirmar que as mudanças na minha vida contribuíram fortemente para o meu crescimento pessoal sem dúvida nenhuma. Hoje encaro minhas circunstâncias como uma vantagem em vez de um obstáculo.
Do ponto de vista cultural, a minha experiência no Brasil é simplesmente magnífica e fora do comum. Se eu devesse dar um nome a um lugar mais representativo do mundo, eu o daria o nome do Brasil. Pois o quinto maior país do mundo é um lugar cheio de mistura em vários assuntos. No Norte tem um clima mais quente e no Sul é bem frio. Quanto ao povo, há de todas cores de pele e de várias formas de rosto. Assim não tem um padrão de referência para conseguir dizer que um tal não é brasileiro apenas pela aparência. Às vezes, sou confundido aos brasileiros mas isso não demora muito pois quando abro minha boca, todos podem perceber que sou gringo pelo meu sotaque diferente da maioria. O povo brasileiro é geralmente um povo feliz e acolhedor, gosta de futebol, festa e comidas.
Porém, como não tem nada de perfeito quando o assunto é sobre os seres humanos, no Brasil tem algumas pessoas menos agradáveis e preconceituosas. Mas sempre me digo que comentários preconceituosos só expõem a ignorância de quem os faz, não as supostas falhas de quem é o alvo da zombaria. Acima de tudo, eu amo muito a cultura brasileira a ponto de ter quase uma crise de identidade. Apesar de ter dois anos no Brasil, quando eu falo com os brasileiros, percebo que meu português tem sotaque francês. Mas, quando falo com meus pais ou amigos no Congo, dizem que meu francês tem sotaque português agora. Não importa com quem eu fale, sou um estrangeiro. Às vezes, eu me sinto dividido entre duas culturas: muito congolês para ser brasileiro e muito brasileiro para ser congolês. Felizmente, en- caro minha formação cultural como uma ponte que me liga a outros e não uma barreira. O que eu sei das duas culturas aumenta minha capacidade de entender os sentimentos das pessoas. Hoje, por exemplo, entendo o senso de humor brasileiro. Algo que era difícil no início para mim. Dominar dois idiomas dá mais chances de conseguir um emprego e aumenta minha autoestima. Essa imersão cultural tem sido muito proveitosa.
De acordo com o título deste texto, sou um aluno da UFF e faço o curso de Arquitetura e Urbanismo. Estou no segundo período por enquanto e pretendo me formar o quanto mais cedo possível, ou seja em 2025. Mas como um estrangeiro, que eu sou, conseguiu uma vaga em uma das melhores universidades do Brasil? Qual é o convênio que me trouxe para cá? É o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) que me trouxe para cá. Este programa foi criado oficialmente em 1965 e oferece a estudantes de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordo educacional, cultural ou científico-tecnológico a oportunidade de realizar seus estudos de graduação em Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras. O PEC-G é administrado pelo Ministério das Relações Exteriores, por meio da Divisão de Temas Educacionais, e pelo Ministério da Educação, em parceria com Instituições de Ensino Superior em todo o país. Então os estudantes que cumprem os critérios são selecionados e cada um pode escolher duas cidades ou dois estados onde quer estudar sem saber qual universidade vai o acolher. No meu caso, eu tinha escolhido o estado do Rio de Janeiro e logo depois descobri que fui selecionado para a UFF e que obviamente teria que morar em Niterói, quando eu chegasse ao Brasil, pois é a cidade onde fica a minha universidade. Alguns meses depois de tomar conhecimento dessa situação, fiz as regularizações necessárias para viajar até aqui.
No dia que cheguei em Niterói, simplesmente adorei a cidade de repente. Uma pequena cidade cercada pelas águas e com uma qualidade de vida melhor até um certo ponto, adorei mesmo. Porém, eu não falava nada em português e antes de começar as aulas de Arquitetura e Urbanismo, precisava aprender a língua primeiro. A UFF me forneceu as aulas de Português e depois entrei na faculdade. Mas por incrível que pareça, comecei a faculdade de forma remota por causa da pandemia devido ao coronavírus. Algo que eu menos esperava mesmo. Essa experiência foi bem desafiadora, até inacreditável no início, mas sendo que a UFF sempre sabe dar um jeito em qualquer problema, eu não duvidava que, mesmo no meio da pandemia, ela usaria o seu poder adquirido durante 60 anos até agora para dar uma solução satisfatória para os alunos, professores e demais administradores desta grande instituição. Todavia, antes da UFF achar uma solução para dar início às aulas remotas, fiquei muito tempo sozinho e desesperado.
A COVID-19 pegou todo mundo de surpresa e eu não podia imaginar viver em confinamento longe das pessoas que mais amo no mundo: minha família. Essa situação me enfraqueceu consideravelmente. Não ter contato físico com ninguém, longe da minha terra, sem fazer o que vim fazer aqui: estudar, e nem praticar mais o português apesar de estar em um país cuja língua oficial é o português. Para passar o tempo, eu ficava assistindo filmes na Netflix, conversar com meus amigos e pais pelo WhatsApp e fazer desenhos, que é uma das minhas paixões. Apaixonado pela arquitetura, eu tinha lido vários livros sobre a história da arquitetura durante o período do isolamento social. Assim aumentei meu amor e conhecimento pela arquitetura. Eu fazia todas essas atividades para não ficar chorando ou muito preocupado com meus problemas e, sobretudo, não cair na depressão. Eu tinha em mente que a minha família se importava muito comigo e não queria que eu me sentisse mal, assim por eles, fiz muitos esforços para me sair bem e no final foi proveitoso para mim.
Então depois de um longo tempo de espera, no mês de setembro de 2020, as aulas começaram de forma remota. Logo no início, me dei conta que meu nível do português baixou devido à falta de contato com a língua durante o isolamento social, sem estudar de modo virtual pois eu conversava apenas com o pessoal do Congo em francês. Felizmente, tenho uma maneira fácil de me adaptar e readaptar. Não demorou muito para voltar a falar fluidamente e com a ajuda dos professores, monitores e alunos na minha turma. Me acostumei com um novo modo de estudar e melhorei bastante com o uso da tecnologia. Acima de tudo, é um grande prazer, para mim, estudar em uma das melhores universidades do Brasil, até do mundo. Acredito que as vantagens de se estudar na UFF estejam relacionadas à sua qualidade de ensino reconhecida. Sua avaliação é superior à de universidades privadas. Poder ter o nome da instituição no meu currículo significa algo de peso. Por receber alunos estrangeiros, a UFF me abre ao mundo acadêmico internacional. Tenho muitos amigos de vários países e aprendo diferentes culturas, consigo transmitir também minha cultura e muito mais… Eis são algumas oportunidades que tenho recebido da UFF.
A respeito do meu curso de Arquitetura e Urbanismo, estou cursando no segundo período, por enquanto. Desde criança, eu gostava muito de desenhar, expressar minha criatividade e imaginação. Eu tinha também uma grande paixão pelas casas bem construídas, é assim que me dei conta que arquitetura daria muito bem comigo. Sem sombra de dúvida, foi uma das minhas melhores decisões de ter escolhido esse curso. Além de estudar o meu curso de coração, eu estudo dentro de uma faculdade de grande notoriedade e de qualidade superior do ensino. Como a cereja do bolo, o Brasil é um lugar maravilhoso para aprender arquitetura e urbanismo pois é cheio de uma arquitetura moderna mas também das arquiteturas antigas herdadas pelos colonizadores.
Na minha cidade Niterói e a cidade vizinha, Rio de Janeiro, tive a chance de visitar muitas obras arquitetônicas que me deixaram, por assim dizer, sem palavras. Museu Brasileiro de Cinema, Museu de Arte Contemporânea, Fortaleza de Santa Cruz e Museu do Amanhã são algumas delas. Tive a chance também de visitar outras cidades do Brasil: Itaboraí, São Paulo, Santos, Porto Feliz, Campinas e Brasília. Cada lugar tem a sua particularidade. Então, só pelo fato de morar no Brasil, tenho uma mente mais aberta e uma visão ampliada sobre arquitetura e urbanismo. É algo que com certeza me ajuda na inspiração, planejamento e criatividade de um projeto arquitetônico. Infelizmente, ainda não fiz aulas de forma presencial. Será que estou perdendo muitas coisas? Será que a qualidade de ensino baixou? Não sei responder estas perguntas. Porém, tenho certeza de ter aproveitado de outras coisas que talvez não seria possível de modo presencial.
Por exemplo, tenho me sentido muito achegado dos professores e parece que eles estão o tempo todo à disposição para tirar quaisquer dúvidas minhas. Geralmente, como as dúvidas dos alunos são tiradas pela plataforma Google Classroom ou grupo WhatsApp da turma, todos os alunos têm acesso. Assim, um professor, só pelo fato de ajudar um aluno, ajuda todo mundo de repente. Quando o assunto são as matérias onde desenhamos bastante, essa ajuda faz toda diferença ainda. No entanto, espero que essa situação acabe logo pois quero mesmo estudar de modo presencial. Ter contato físico com os professores e alunos, fazer as práticas, ler dentro da biblioteca e tudo que pode ser feito dentro da universidade. Mas enquanto essa situação persistir, a UFF está de parabéns pois demonstrou que seja qual for o problema, sempre levará a sério o fato de poder providenciar o ensino acadêmico para os seus alunos. Tenho muito orgulho de fazer parte desta instituição e farei de tudo para sempre defendê-la. Desde a sua criação até 60 anos agora, a UFF cumpre bem o seu papel. Uma universidade pode ser definida como uma instituição de ensino e pesquisa constituída por um conjunto de faculdades e escolas destinadas a promover a formação profissional e científica de pessoal de nível superior, e a realizar pesquisa teórica e prática nas principais áreas do saber humanístico, tecnológico e artístico e a divulgação de seus resultados à comunidade científica mais ampla. Além de cumprir esta definição, no meu caso a UFF é uma ponte para o mundo. Acredito que muitos alunos estrangeiros vão concordar comigo que ser um aluno estrangeiro na UFF é uma ponte e não uma barreira.
Falando dos alunos estrangeiros, lembrei de um evento o qual eu assisti em 2019 que foi organizado pela UFF: Dia da África. Naquele evento, tive a chance de ter mais conhecimento sobre outros países da África. Embora eu tenha sido um africano, especificamente um congolês, não conhecia muito bem as outras culturas do continente. Notei que temos muitas semelhanças também e me senti achegado ao meu continente como nunca antes. Um número considerável de alunos estrangeiros na UFF fala a língua francesa. Daí, consegui me identificar a eles, pois sou de um país francófono também e notei que temos vários sotaques em francês a ponto de poder reconhecer a origem de cada aluno estrangeiro que fala o francês apenas pelo sotaque. Durante esse evento, tinha também alguns brasileiros que gostam da cultura africana e querem aprendê-la um pouco mais. Fiquei feliz de poder transmitir minha experiência vivida no meu continente a eles.
Além de assistir, uma outra coisa que me deixou ainda mais feliz foi ter participado durante aquele evento: eu apresentei um dos meus poemas cujo tema foi Venha comigo na África. Aquele poema relata um pouco sobre a história, as conquistas e a cultura da África terminando com um convite animador para todos que querem visitar esse belo continente formado por 54 países. No ano seguinte, em 2020, infelizmente não pude assistir aos eventos culturais aqui por um motivo que mudou nossa rotina e modo de viver: a pandemia do coronavírus. Pois é, eu deveria ficar em casa, cumprir o isolamento social e evitar as aglomerações. Como os eventos culturais geralmente reúnem muitas pessoas, iam criar aglomerações e não era possível. Ainda hoje, é muito complicado organizar eventos presenciais. Tomara que essa situação acabe logo através da vacina ou de uma outra solução sugerida pelas autoridades governamentais. No entanto, acho que assim que as coisas voltarem ao normal, vou participar de vários eventos culturais e não apenas em eventos com relação à África. Acredito que esses eventos vão ampliar o meu conhecimento do povo e da cultura brasileira e também abrir novas possibilidades e perspectivas acadêmicas para mim.
Em conclusão, quero dizer que me sinto privilegiado de fazer a graduação no Brasil. Descobrir lugares únicos, que apenas os brasileiros têm o privilégio de considerar como o “quintal da casa”. O Brasil é um país que tem mais de 8 milhões de quilômetros quadrados de beleza e diversidade. Nesse cenário de dimensões continentais, posso encontrar ilhas e as mais lindas praias do mundo, cachoeiras e matas fechadas, rica gastronomia, parques, milhares de rios, cidades históricas e muita modernidade. Eu não poderia escolher um lugar tão inspirador quanto o Brasil para estudar arquitetura e urbanismo, ainda em uma das melhores universidades do país. Mesmo durante a pandemia, consigo visitar os lugares de modo virtual e já escolher onde irei visitar de modo físico assim que a situação melhorar.
Embora eu sinta falta dos meus pais, meus amigos e meu país, não me arrependo de estar aqui para fazer uns cinco anos de estudos pois sairei com mais senso de responsabilidade, mais conhecimento das outras culturas, mais uma língua falada de modo fluente, mais maturidade, mais capacidades de aceitar as diferenças dos outros, mais oportunidades profissionais e assim por diante. Às vezes é melhor aceitar estar debaixo das águas; estar debaixo das águas é aprender a nadar. É por todos esses motivos que me convenci que ser um aluno estrangeiro no Brasil me abriu ao mundo. Convenci-me de que ser um aluno estrangeiro na UFF é uma ponte, não uma barreira.